Vamos tratar aqui sobre o problema da migração de documentos digitais, no que diz respeito à parte lógica do documento digital, ou seja, tudo menos o suporte físico utilizado em seu registro. Infelizmente, não se trata de uma tarefa simples, como pode dar a impressão de ser à primeira vista.
Vamos começar analisando o quê pode ser migrado, para depois entrar na seara sobre como isso deve acontecer.
Basicamente, o que pode ser migrado é o formato de arquivo utilizado no documento digital, por exemplo, um formato JPEG ou um formato TXT. No entanto, minhas pesquisas tem mostrado que formatos de arquivo podem ser muito complexos. Dependendo do formato de arquivo específico, será necessário considerar a criptografia utilizada, o tipo de compressão de dados utilizado ou o conjunto de metadados adotado. Além disso, notadamente para os formatos de vídeo digital, não se trata necessariamente de um único formato de arquivo, mas de um conjunto de elementos utilizados para o registro do vídeo digital. Dessa forma, é preciso cuidado ao se falar em migrações de formatos de arquivo, pois para cada caso considerado, vários outros problemas podem ter que ser analisados e solucionados.
Intimamente ligado à questão anterior, há considerações sobre como executar a migração, ou melhor, o que considerar durante o processo em si de migração. Essas considerações terão como resultado um documento digital migrado que possui Autenticidade ou não. O termo Autenticidade aqui significa “Valor de confiabilidade de um documento como documento, ou seja, a qualidade de um documento de ser o que se propõe a ser e que está livre de alterações ou corrupções.” (projeto INTERPARES termo authenticity).
Dependendo do conteúdo do formato de arquivo, certas características técnicas deverão ser consideradas. Por exemplo, para o vídeo digital, a nova versão produzida deve possuir a mesma qualidade do original, em termos de resolução de imagem. Não poderá haver alterações substanciais nas cores originais.
O ambiente onde ocorre a migração também deve ser levado em consideração. Assim, pode ser necessário controle (através de registros de auditoria) e autorização para fazer esse processo. Dependendo do documento digital, poderá ser necessária autorização legal para execução dessas migrações.
Os custos envolvidos pode ser um outro fator importante a ser levado em consideração. Isso se aplica a casos onde há um grande volume de documentos digitais necessitando de migração. Importante lembrar que esse processo pode precisar ocorrer juntamente com a migração dos suportes utilizados e seus respectivos custos.
Finalmente, em relação ao como fazer migrações de formatos de arquivo, será de grande ajuda o uso de critérios para a escolha de um novo formato de arquivo, esses critérios são baseados tanto em aspectos técnicos como também pretendem garantir autenticidade da migração executada. Nossa dissertação de mestrado investigou exatamente esse aspecto da preservação digital e pode ser de ajuda para quem esteja envolvido com esse problema.
Até a próxima.
Nenhum comentário:
Postar um comentário