A disciplina Preservação, na linha tradicional, possui, basicamente, duas vertentes. A primeira delas diz respeito aos procedimentos necessários para manter documentos em condições de acesso e uso, ou seja, tentar evitar sua natural deterioração. Isso pode ser feito através de ações preventivas de controle de umidade do ar e temperatura ambiente, controle do nível de poluentes no ar, higienização de documentos, entre outras medidas. A outra vertente compreende as ações de restauração de documentos, dentro do possível, ao estado original que esses estavam quando foram criados. Ambas as vertentes possuem seus limites e, na prática, mesmo ações completas não podem garantir a inexorável deterioração dos documentos e, de resto, de tudo que é físico e material em nosso mundo.
Dependendo da tradição original do pesquisador e do país, há divergências sobre a terminologia. Assim, às vezes, o termo preservação refere-se ao sentido que apresentamos acima, mas de alguns pontos de vista, preservação refere-se às ações preventivas, nossa primeira vertente. De maneira que as ações de restauração compõem uma disciplina totalmente independente. Seja como for, apesar das divergências terminológicas, não há como negar a existência de ambas as vertentes. Note-se que até aqui estamos falando da preservação de documentos em suportes tradicionais.
O surgimento do documento digital e sua importância, cada vez maior, no mundo contemporâneo, trouxe muitos novos desafios. Inclusive para sua preservação.
É curioso notar inclusive que, se pesquisarmos os trabalhos de autores e especialistas que trabalham com a preservação de documentos tradicionais, não encontramos referências à preservação de documentos digitais. No máximo, encontramos alguns autores que tratam da preservação de documentos eletrônicos mais antigos, do ponto de vista de hoje, como fitas magnéticas. E, ainda assim, são procedimentos de manutenção das condições climáticas dessas fitas em salas e mobiliários especiais.
A preservação digital nasceu e tem crescido como uma disciplina totalmente independente da preservação tradicional. Inclusive com novos grupos de pesquisa, novas linhas de atuação e, claro, novos problemas.
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